terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Entrevista: Jornalista Wilson Bueno

Por: Wilkner Anderson

Entrevista realizada em outubro/2008

Fonte da Educação a Distância: A COMTEXTO oferece cursos de aprimoramento profissional a distância. Ou seja, não é um curso de graduação em Jornalismo, ou qualquer outra área da Comunicação. O Sr. acredita que um aluno possa se formar em Jornalismo a distância? Esse estudante terá conhecimento e conseguirá simular a realidade de uma redação - que acontece no ensino presencial - na educação distância?

Wilson da Costa Bueno: O curso de graduação em Jornalismo, a meu ver, em função de suas particularidades, sobretudo a sua perspectiva prático-laboratorial, deve ser realizado na forma presencial. É fundamental, na atividade jornalística, o trabalho em equipe, a interação, a construção coletiva da produção jornalística, o que não é possibilitado pelo ensino a distância. 

F.E.D: A Comunicação, por ser da área de humanas, normalmente, requer um relacionamento pessoal entre professor/alunos. Com a educação da comunicação realizada a distância o aprendizado do aluno pode ser prejudicado?

W.C. B: Há disciplinas e conteúdos que podem ser trabalhados no ensino a distância, na área de Humanas e mesmo no curso de comunicação, mas eles não podem se referir a aspectos ou projetos práticos, ou seja, devem estar restritos à formação básica. De qualquer forma, não poderia jamais, a meu ver, descartar uma parte presencial porque o debate, a troca de experiências é sempre fundamental em Comunicação/Jornalismo. Uma disciplina totalmente a distância poderia não cumprir com os seus objetivos. 

F.E.D: Porque os cursos são realizados via e-learning? Foi o melhor método para o aprendizado do aluno de comunicação que está distante? Cogitou-se disponibilizar esses cursos em outras plataformas? (Correio, TV, CD...)

W.C. B: Os cursos tratam de áreas específicas da cobertura jornalística e não têm uma perspectiva laboratorial, apenas buscam provocar o debate, definir conceitos e estimular a reflexão sobre questões básicas destas áreas de cobertura (saúde, meio ambiente, ciência e tecnologia). Na prática, eles contribuem com profissionais ou alunos que dificilmente teriam condições de ter acesso a estas informações em cursos presenciais porque eles são raros ainda no Brasil, mesmo nos cursos de Jornalismo. Muitos dos alunos têm se encaminhado para o mercado, para a especialização e para o mestrado stricto sensu. 

F.E.D: O que os profissionais de jornalismo e pesquisadores (de jornalismo e EAD) dizem ao Sr. sobre essa inovação de criar cursos de comunicação (principalmente de jornalismo) a distância? O Sr. costuma ouvir críticas ou elogios?

W.C. B: Eu costumo ouvir elogios e críticas. Os elogios felizmente vêm, sobretudo, das centenas de alunos que já tivemos desde que iniciamos com estes cursos, embora seja preciso reconhecer que uma porcentagem deles (felizmente inferior a 20% nos cursos individuais) não consiga concluí-los com sucesso por uma série de motivos. É necessária dedicação, disciplina para o trabalho, gosto pela leitura (os cursos têm muitos textos) e nem todas as pessoas têm esse perfil. As críticas vêm dos que imaginam que o curso poderá abrir definitivamente as portas para o mercado (o que é algo que não se promete porque não se consegue cumprir) ou dos que talvez possam esperar deles uma perspectiva eminentemente prática. Muitos imaginam também que é uma forma fácil de conseguir um registro profissional, mas esses são desestimulados logo após o primeiro contato. Nossos cursos não têm esse objetivo e como jornalista e professor, sou totalmente favorável aos cursos de jornalismo. Alguns colegas têm restrições também ao conteúdo mais politizado e crítico dos cursos, fruto de meu próprio perfil de jornalista, mas há espaço para o debate, para a divergência, pois a interação com os alunos não assume (cuido muito disso) um tom professoral, há respeito pelos que pensam de maneira diferente. 

F.E.D: Quantos alunos a empresa já formou nos cursos a distância? Quantos professores trabalham/elaboram conteúdo para a COMTEXTO?

W.C. B: Já tivemos centenas de alunos em nossos cursos a distância de Jornalismo e Comunicação. No início, fazíamos cursos em turmas, mas hoje trabalhamos preferivelmente com cursos individuais, porque fica mais fácil respeitar o ritmo de cada aluno e a interação é mais recompensadora. Mantivemos os cursos em turmas apenas sob encomenda. Todos os cursos foram elaborados pela COMTEXTO e a responsabilidade de todos eles é minha. Na verdade, são cursos que têm a ver com as disciplinas que ministro, há muitos e muitos anos, na ECA/USP e na UMESP, minha atuação como profissional, pesquisador e consultor. 

F.E.D: Quais as perspectivas da COMTEXTO para o próximo ano? Existe a intenção de elaborar novos cursos?

W.C. B: Temos sete cursos em andamento e há a previsão de pelo menos três para o futuro próximo: Comunicação, Jornalismo e Agro business (ou Comunicação Rural), Comunicação e gerenciamento de crises e Auditoria de Imagem (os dois últimos na área maior de Comunicação Empresarial). Pouco a pouco vamos implementando novos cursos, em função das nossas disponibilidades e demandas do mercado.

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